Para quem quer saber mais sobre o passado da Antiga Grécia, a Editora da USP (Edusp) acaba de lançar, o livro Estudos sobre a cidade antiga, organizado por Maria Beatriz Florenzano e por Elaine Hirata, do Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (Labeca) do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo Beatriz, no Brasil temos muitos especialistas na história de Roma. Em relação à Grécia, temos muitos especialistas em filosofia e em letras. Mas a história da Grécia não é tão comum. A consequência é que o conteúdo sobre a história grega que circula no Brasil corresponde a uma historiografia do começo do século 20, bastante desatualizada.
Atualmente, a arqueologia incorporou muitos elementos da chamada escola dos Annales, ou História Total – um movimento historiográfico que se interessa por toda a atividade humana, buscando uma unidade das ciências humanas –, e da Nova História, que se interessa pelo cotidiano. Essa tendência também se reflete nas diversas abordagens das pesquisas do Labeca.
A abordagem predominante no laboratório é a arqueologia da paisagem. “Entendemos que a paisagem é uma construção do homem. Por outro lado, essa construção interfere no próprio cotidiano humano. Trabalhamos com uma visão macro da distribuição da sociedade no espaço. Não tratamos das casas, por exemplo, de forma isolada. Trabalhamos sua disposição nas ruas e investigamos o que essa disposição significa em termos de organização da sociedade”, disse Beatriz.
Além de reunir instrumentos de trabalho para o aprofundamento de pesquisas de base sobre a Grécia antiga – como um amplo acervo de imagens, vídeos, mapas e material bibliográfico – o laboratório fundado em 2006 servirá para formar recursos humanos em diversas áreas do conhecimento.
Outro resultado do projeto foi a produção de um DVD, acompanhado de um livro que sintetiza os estudos realizados em algumas das vertentes de pesquisa. O tema do DVD é a antiga cidade grega de Siracusa, na Sicília, atual Itália. “A cidade foi fundada 700 anos antes de Cristo e está viva até hoje. As pessoas que moram lá precisam conviver com a Siracusa grega, romana e bizantina. O DVD aborda o comportamento dos habitantes atuais ao interagir com essa antiguidade. A malha viária da cidade, por exemplo, é a malha viária grega, feita há mais de dois milênios”, disse. Um segundo DVD está sendo produzido. “Lançamos também o site do Labeca, que é um instrumento de divulgação importante, por ser bastante atraente para o grande público. No site, estamos aos poucos disponibilizando parte do nosso banco de imagens”, explicou.
O material disponibilizado pelo laboratório, destaca Beatriz, é uma fonte interminável para novos estudos. A casa grega, por exemplo, pode inspirar inúmeras abordagens de pesquisa. “Temos uma rica coleção de imagens das casas gregas do período arcaico, clássico e helenístico. Essa coleção pode suscitar muitos temas de pesquisa: pode-se, a partir dela, detectar hierarquias sociais no interior da casa, ou estudar o espaço da mulher na casa, por exemplo. Com isso, vamos cercando a história da Grécia e preenchendo lacunas”, disse. A longo prazo, o laboratório deverá aumentar o número de pesquisadores especializados no estudo sobre a Grécia antiga.
Fonte: Fábio de Castro, especial para a Agência Fapesp, disponível em http://www.agencia.fapesp.br/materia/11703/cidades-milenares.htm
Dica, do Agito dos Balkans: visitem o site do LABECA - graficamente atraente, com muitas imagens e informações de altíssima qualidade.
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